Fim de uma era

Quando ficou viúva aos 44 anos, a argentina, Ernestina Herrera de Noble sabia que era uma mulher muito rica, mas não sabia o que vinha pela frente.

Seu falecido marido deixou como herança a presidência de seu jornal, o El Clarin, um grande jornal, mas que passava por dificuldades financeiras.

Pois ela não fez feio. Desde que assumiu o grupo em 1969, Ernestina, além transformar o El Clarin, no mais importante jornal da Argentina,  fez dele também o maior conglomerado de comunicações da América Latina. O El Clarin tem hoje mais de 200 concessões de TV a cabo, 4 emissoras de TV abertas, várias rádios, empresas de transmissões de dados, 7 canais de TV a cabo e por aí vai. A Rede Globo é quase uma prima pobre do El Clarín.

Em alguns anos, Ernestina havia se transformado na mulher mais poderosa da Argentina e numa das mais ricas do mundo.

Embora poderosa, ela sempre se manteve discreta de todo e qualquer evento social. Ela gosta é de trabalhar e escrever. Já publicou dois livros e é ferrenha defensora da total liberdade de imprensa. 

A única exceção, foi quando ela foi acusada de ter adotado ilegalmente seus dois únicos filhos, Felipe e Marcela. A suspeita, que depois se mostrou totalmente infundada, era de que as crianças eram filhos de presos políticos, mortos pela ditadura. Ernestina entrou numa briga feia com as Mães da Praça de Maio e provou que as crianças foram legitimamente adotadas.

 O jornal de Ernestina é um dos principais críticos do governo da presidente Cristina Kirchner, denunciando a corrupção e as manobras políticas. Cristina então, travou uma briga de foice com o grupo El Clarin, tentando de todas as formas silenciar o jornal.

Esta semana, depois de mais de  40 anos à frente de seu jornal, Ernestina deixa a sua cadeira de presidente, numa derrota sem precedentes para o governo de Cristina.