O preço do personagem

Um grupo formado pelos maiores intelectuais e pensadores brasileiros, entre eles Afonso Arinos de Mello Franco, Celso Lafer, Ferrreira Gulart, João Ubaldo Ribeiro, Luiz Fernando Veríssimo, Merval Pereira, Nelida Pinõn, Ziraldo e Zuenir Ventura, encabeçam um manifesto conta a censura às biografias. Sejam elas autorizadas ou não-autorizadas.
Segundo eles, o Brasil é a única democracia no mundo, onde  a publicação de biografias depende de prévia autorização do biografado. E mesmo assim, ainda existem casos onde o biografado se sente prejudicado e manda recolher o livro das prateleiras, como é o caso de nossa sensível estrela, Roberto Carlos, que já fez isso com dois livros.
O que os intelectuais alegam é que a partir do momento em que um pessoa se torna um personagem, ou seja, público, sua história precisa ser contada, ajudando assim a ´´consolidar um patrimônio de símbolos e tradições nacionais´´.  E completam dizendo que ´´é apropriado que a lei proteja o direito á privacidade´´, sim, ´´mas que esse direito deve ser complementado pela proteção do acesso às informações de relevância para a coletividade´´ em se tratando de pessoas que tomaram dimensões públicas, que se tornaram protagonistas da história, como chefes de Estado, lideranças políticas, nomes das artes, (como é o caso de RC), da ciência e dos esportes.
Resumindo, é o seguinte: se alguém por algum feito ou merecimento se torna um personagem, sua história pode e deve ser contada, ainda que não o agrade. É o preço de se tornar um figura pública.

No nosso mundo cotidiano isso também vale. A partir do momento que expomos nossa vida privada, propiciamos aos outros que falem dela. Por exemplo, eu tenho um blog onde posso escrever e postar o que penso e quero. Azar o meu. Dou o direito
às pessoas de  dizerem também o pensam de mim. Se eu ficasse quieta no meu canto, isso não aconteceria.

Nesses tempos de redes sociais (Face, Instagram, etc, etc) já reparei que, numa roda de pessoas que falam da vida alheia, sempre sobra para aquela que mais se expõe. E sobra com força, é fato. Da mesma maneira das pessoas públicas, quanto mais nos expomos, mais públicas nos tornamos e mais chance temos de sermos julgadas e comentadas. Ah, e como somos! Simples assim.







4 comentários:

Anônimo disse...

Kika,
Fico na dúvida se isso é correto. Você se torna uma figura pública, aí vem um escritor que decide contar sua vida da forma como bem quer. Considerando que, na maioria das vezes , esse livro vai ter como objetivo a auto promoção do escritor, ganho de fama e dinheiro e que nem sempre os fatos relatados vão corresponder à verdade, questiono se isto é justo .
Bjs,
BL

Kika Gontijo disse...

BL querida!
Toda e qualquer biografia, ainda que não autorizada, tem que passar por um rígido critério de confirmação dos fatos. Ninguém pode sair escrevendo o que quer sobre qualquer pessoa. Para isso existem milhares de leis, entre elas, danos morais.
O que acontece na grande maioria das vezes é que o biografado não quer que determinado fato ou acontecimento, mesmo que real, venha a público. No caso específico de Roberto Carlos, em sua biografia foi contado que ele tem perna mecânica, o que é um fato, mas que RC não gosta que as pessoas saibam!
E quanto a promoção do escritor, o que existe, principalmente quando o biografado já morreu, é uma tendência das famílias em querer receber para que a história seja contada. E não o contrário.
É claro que em meio a tantas biografias e escritores sérios, existem os que não o são. Para esses existem as leis que protegem a vida privada de qualquer cidadão.
Beijos carinhosos,
Kika

Anônimo disse...

Concordo com vc Kika, faz-se acordos e etc... Agora, falando do RC, que tem um repertório super romântico e nos faz derreter...oh homenzinho cheio de indiossicrasias e atormentado!!! Só usa azul, não quer lembrar do tempo que era uma brasa, mora!!! Me lembra o Pelé que ficava comprando as fotos da Xuxa, aliás, já pensou a biografia dela????? Afinal a "Rainha dos Baixinhos" tbém "merexe" a sua, né???

Louise disse...

Kika,
Lendo suas colocações finalmente entendi sua fleuma em lidar com algumas situações específicas nesse blog em que uma certa leitora é agressiva,grosseira, verdadeiramente deselegante com vc. Já houve vezes em que fiquei tão indignada, que mesmo sem te conhecer pessoalmente, apesar de termos amigos em comum, saí em sua defesa, muito brava!
Foi esclarecedor esse post. Você está certa. Entendi sua forma de encarar essas idiossincrasias da exposiçao. Que bom vc ser assim.
Recolherei minhas armas,e apreciarei(com certa inveja) a sua sábia fleuma.
Um abraço,
Louise