Você tem inveja de mim?

Contardo Calligaris escreve às quartas-feiras na Folha de São Paulo. As vezes eu adoro, outras detesto. Mas que ele é brilhante isso é fato.

A coluna de ontem, por exemplo, deveria ser recortada e colada no  espelho do nosso banheiro!
Nela, Contardo faz uma reflexão muito interessante sobre o poder das redes sociais (Blogs, Facebook e Instagram) em nos suscitar sentimentos ruins.
Quando postamos uma foto num blog, Instagram ou Face, postamos porque? Ora, porque queremos ser admirados? Nada disso. Queremos ser invejados. O problema é que a inveja é, na verdade, um sentimento horrível, ''uma mistura de idealização, amor e ódio.''

Segundo ele, porque nos dias de hoje o ter é mais importante do que o ser? Simples! Porque o ser não pode ser facilmente mostrado. Enquanto o ter é escancarado na internet para quem quiser ver e ... por favor, invejar.









Mostrar nossas ''bugingangas'', viagens extraordinárias, brinquedinhos caros é fácílimo, difícil é mostra ''vestígios da nossa vida interior'' e pedir que nos invejem por isso.
''O Facebook (blogs e Instagram) são  instrumentos perfeitos para um mundo em que a inveja é um regulador social''.  O valor social de cada um se confunde com a inveja que ele consegue sucitar.
E com isso, deixamos cada vez mais de olhar para dentro de nós mesmo, de nos conhecer profundamente e de perceber o que realmente nos importa e se estamos verdadeiramente felizes.

Se ninguém nos inveja, não somos tãaaaaao felizes assim. E no fim de tudo isso, o que nos resta? O total desconhecimento de quem somos e do que queremos. Perdemos por completo a noção de que a inveja é só o que nos resta. Esperar que nos invejem ou sentir inveja.
Triste fim da nossa geração.










7 comentários:

Anônimo disse...

Kika, obrigada por me fazer refletir mais um pouquinho. É sempre muito bom passar por aqui !
Beijos,
Mailda.

Anônimo disse...

Concordo com você,mais uma vez, Kika!
Li,recortei e ainda não guardei a crônica de ontem do Calligaris,porque vou aproveitar o almoço em família para divulgá-la!
Um beijo,
ME

Anônimo disse...

Kika eu tenho inveja sim. De vc! Amo o seu blog e amo mais ainda o jeito como vc escreve e fala das coisas que sáo tào importantes. Vc é ótima, muito engraçada e super sensível. Tenho muita inveja das suas amigas! Meu sonho de consumo? Ser sua amiga!
Anonima que te conhece, mas que ainda nào é sua amiga!

Anônimo disse...

Perfeito! Eu fico impressionada como as pessoas se expõem e se exibem de modo tão brega e ridícula nessas redes. Olha minha bolsa de grife, olha minha barriga negativa, olha como minha vida social é intensa e divertida!!!! É isso aí...parece que não adianta nada ter alguma coisa se todo o mundo não souber e até lhe invejar por aquilo. Viva o Blog da Kika, onde a dona expõe seus pontos de vista de forma tão elegante e...viva o anonimato pois ele é libertador!
Bjs,
BL

Maria do Espírito Santo disse...

Sem reconhecimento público quase todos nós nos sentimos mortos vivos. Isto vai um pouco além da questão de provocarmos ou não inveja; no caso do reconhecimento da nossa individualidade, qualquer sentimento vindo da parte dos outros serve: amor, simpatia, amizade e até mesmo inveja ou ódio.

Afinal de contas, são poucos os que podem, como Cristo, dizer: "Eu sou aquele que sou". Ser sujeito e predicado de si mesmo é uma meta alcançada por poucos, independentemente da questão religiosa.

Quanto a fotos na internet, eu e meu marido, embora estejamos no facebook e, no caso dele, tendo um blog há mais de 8 anos, não damos nossa cara aos tapas públicos. Privacidade é bom e nós gostamos. E a indistinção entre as questões públicas e privadas é uma das principais causas do caos contemporâneo.

Beijos da sua prima de segundo grau, Maricota do tio Waldemar.

Maria do Espírito Santo disse...

Sem reconhecimento público quase todos nós nos sentimos mortos vivos. Isto vai um pouco além da questão de provocarmos ou não inveja; no caso do reconhecimento da nossa individualidade, qualquer sentimento vindo da parte dos outros serve: amor, simpatia, amizade e até mesmo inveja ou ódio.

Afinal de contas, são poucos os que podem, como Cristo, dizer: "Eu sou aquele que sou". Ser sujeito e predicado de si mesmo é uma meta alcançada por poucos, independentemente da questão religiosa.

Quanto a fotos na internet, eu e meu marido, embora estejamos no facebook e, no caso dele, tendo um blog há mais de 8 anos, não damos nossa cara aos tapas públicos. Privacidade é bom e nós gostamos. E a indistinção entre as questões públicas e privadas é uma das principais causas do caos contemporâneo.

Beijos da sua prima de segundo grau, Maricota do tio Waldemar.

Anônimo disse...

Nunca vi tanta verdade em uma crônica, gosto das redes sociais por encontrar e reencontrar amigos, parentes.... Mas detesto esta aparição demasiada, bjs e bom final de semana